MARE NOSTRUM

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TURNER

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

NAVEGAÇÃO DE EMERGÊNCIA



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Com todas as inovações instrumentais da actualidade é perfeitamente natural que se olvidem os métodos tradicionais de navegação.
Mas, nunca sabemos se em um qualquer dia, seja ele qual for e quando menos se esperar nos vejamos obrigados a utilizá-los.
Não nos esqueçamos nunca, que não há máquina, instrumento mecânico ou electrónico que não possa avariar ou inutilizar-se. Por outro lado, convém que o navegador tenha consciência de que os mares foram primariamente navegados por navios que apenas conseguiam determinar a latitude com algum rigor.

No barco em pleno oceano deve existir um estojo estanque – isto para além do estojo de primeiros socorros e do de sobrevivência – contendo:
- Pilot-charts ou cartas da zona onde se navega ou intenta navegar – de preferência, cartas de Verão e de Inverno;
- Almanaque náutico;
- Agulha magnética;
- Compasso;
- Esquadro do tipo Plath;
- Um transferidor circular ou uma rosa-dos-ventos;
- Um sextante de plástico (é suficientemente rigoroso e de preço muito mais acessível do que o convencional);
- Relógio digital à prova de água;
- Folhas de papel quadriculado e milimétrico;
- Borracha, lápis, afia, régua;
- Rádio portátil, de onda curta, média e longa;
- Lanterna eléctrica estanque, com lâmpadas e pilhas sobressalentes;
- Lista dos peixes e algas comestíveis e métodos de sobrevivência no mar – ver artigo – anotados sinteticamente; e
- Cópia das Efemérides Astronómicas para longo período, do Instituto Hidrográfico – ver ANEXO e nota a final deste artigo.


Em todas as situações de emergência, caso subsistam quaisquer dúvidas, há que determinar o comando do barco ou da jangada, distribuindo tarefas e organizando quartos rígidos de vigia.

Num veleiro acidentado, consoante as suas possibilidades, o Patrão deve optar por:
- permanecer no local da avaria ou acidente;
- soltar rumo para terra;
- ou soltar rumo para a mais próxima das linhas de navegação.

Mesmo num veleiro acidentado, devem improvisar-se meios de propulsão à vela – nestas avarias não falta engenho aos marinheiros.

Nos tempos que correm, bem diversos daqueles que percorremos nas jornadas dos primeiros navegadores solitários – veja-se o artigo NAVEGAÇÃO EM SOLITÁRIO –, permanecer no local da avaria é a decisão mais acertada, a menos que por negligência, ausência de equipamento ou avaria, não tenha sido possível lançar mensagens de socorro.

Se a decisão for a de abandonar o local, o Patrão da embarcação deverá ponderar:
- Condições de vento, correntes, meios de navegação e propulsão.
 - Pode e deve escolher terra firme em derrota mais longa do que dirigir-se para uma ilha próxima, nomeadamente com ventos adversos num velame improvisado. Também deve interagir com o factor atinente à confiança na latitude e desconfiança na longitude.
  - Linhas de navegação nas proximidades.
  
  Se a decisão não for permanecer no local, fazer tudo para que as mesmas sejam atingidas no mais curto espaço de tempo – pressupõe ventos e correntes favoráveis.
  - Confiança relativa na latitude e na longitude.
   Há sempre uma maior confiança no cálculo da latitude do que no da longitude. Assim, atingir o paralelo do destino e navegar ao longo dele. Por outro lado, a disposição normal dos continentes N-S, não impede que terra firme seja encontrada por erro de longitude.
   Possibilidade de mau tempo nas zonas a atravessar.
   Hipótese a evitar.
   
   
Quando dispomos de sextante, tabelas e relógio de quartzo de erro conhecido, não nos será difícil obter o posicionamento astronómico com a frequência necessária, desde que a meteorologia o permita.

A observação com sextante deve ser realizada na crista da vaga – para que se possa visualizar o horizonte real e não a crista de outra qualquer vaga.

Não se dispondo destes meios ou de meios similares, teremos de recorrer à navegação estimada – veja-se o artigo NAVEGAÇÃO ESTIMADA.



NOTA – As Efemérides de Longo Período referem-se ao ângulo horário em Greenwich do ponto vernal, declinação do Sol, equação do tempo e ângulo em Greenwich do Sol. Incluem ainda as declinações e ângulos siderais de 30 estrelas seleccionadas.





JOSÉ MARIA ALVES
(PATRÃO DE ALTO MAR)


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