MARE NOSTRUM

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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

NAVEGAÇÃO ESTIMADA - ESTIMA




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A estima consiste fundamentalmente em avaliar a partir da proa, da distância percorrida, da deriva e da corrente, o percurso realizado pelo barco depois da sua última posição conhecida na derrota pretendida.



Na navegação estimada qualquer alteração no rumo e nas múltiplas condições externas é detalhadamente anotada – todos os pormenores são essenciais.

A primeira de todas, é a que ocorre no momento do naufrágio ou da avaria do barco: a última posição conhecida com mais ou menos rigor.



Há que registar nomeadamente:

-         as proas;

-         o caminho percorrido;

-         horas em que o rumo foi alterado;

-         correntes; e
-         abatimento.

É de elementar prudência marcar um ponto por hora e sempre a cada mudança de rumo.


Registada a posição, a data e a hora da última posição, há que fixar o rumo.
Mas para que este seja fiável, haverá que conhecer a proa verdadeira.
Tendo uma Pilot-chart – que tem isogónicas – podemos desprezar nos cálculos o desvio da agulha.

De qualquer modo podemos obter de modo expedito o DESVIO DA AGULHA – veja-se o artigo - DESVIO DA AGULHA - DA AGULHA PARA A CARTA - DA CARTA PARA A AGULHA.


Podemos também obter o valor da declinação de modo expedito – veja-se o artigo – DECLINAÇÃO MAGNÉTICA.
Anote-se no entanto, que nas cartas náuticas, no centro da Rosa-dos-ventos vem indicada a declinação existente no ano em que a carta foi elaborada e a sua variação anual.
(Ex. No ano de 1968 a declinação era de 9º 40 W, diminuindo anualmente 10’.
Qual a declinação em 1980?
De 1968 a 1980 vão 12 anos. 12 anos a multiplicar por 10’, dá-nos um resultado de 120’. Ora 120’ equivalem a 2º. Como diminui, subtraímos 2º à declinação impressa na carta e temos: 7º 40’ W).
NOTA – Em navegação os ângulos medem-se sempre no sentido dos ponteiros do relógio.
º ; ´ ; ´´. – cada º = 60 ´ ;  cada ´= 60 ´´. 


Fixado o rumo haverá que determinar o caminho percorrido.
O processo mais corrente em navegação estimada de calcular a distância navegada é a de calcular a velocidade do barco e multiplicá-la pelo tempo.
A velocidade média vai depender de várias observações e de outros factores, como o estado do mar, o vento e a sua avaliação depende muito da experiência e conhecimentos do navegador.


CORRENTES – provocadas pelo vento

Para além das correntes conhecidas ou estimadas por métodos empíricos, tenha-se em consideração que ao largo no hemisfério Norte, em zonas profundas do oceano, a corrente superficial forma um ângulo de 45º para a direita da direcção para onde soprou o vento – no hemisfério Sul é para a esquerda – e tem uma velocidade de cerca de 3% da velocidade do vento que a origina.
Em pequenos fundos a corrente superficial forma um ângulo de cerca de 20º, chegando a velocidade a atingir 5% da do vento.

Alguns navegadores quando constatavam a existência de vento e ondulação pelo través, davam um desconto de cerca de 5% como compensação. Assim, seguindo à Pv de 130º para aterrar em determinado local, com vento e ondulação pelo través de BB, passavam a navegar nos 125º.


DETERMINAR A VELOCIDADE

Larga-se à popa um objecto flutuante, gritando-se JÁ. 
À popa um outro tripulante acciona imediatamente o cronómetro do relógio de quartzo e aguarda que o objecto o atinja para suster o andamento do cronómetro.

Com o tempo assim obtido, conhecendo-se o comprimento total do barco, calcula-se a velocidade:

V = e
      t

V – velocidade em metros por segundo
e – comprimento da embarcação em metros
t – tempo em segundos


Caso não exista a bordo um cronómetro, criar um pêndulo.
Suspender um pequeno peso numa linha fina (ex. de pesca), que do ponto de suspensão ao centro de gravidade do peso tenha 24,8 cm.
Este pêndulo oscila num período de um segundo.

Atente-se que a expressão metros por segundo corresponde a metade da velocidade em nós.
Assim 5 m/s é igual a 10 nós.


Pode também calcular-se a velocidade da embarcação da seguinte forma:
-         enche-se uma garrafa até 3/4 do seu volume;
-         amarra-se ao gargalo um cabo de pequena bitola;
-         a cerca de 10 metros do gargalo, dá-se um nó (faz-se uma marca visível);
-         partindo desta marca medem-se 18,52 m (1/100 de milha náutica);
-         e a partir desta, medem-se outros 18,52 m, deixando alguns metros livres no seguimento;
-         atira-se a garrafa à água e logo que o primeiro nó toca na superfície afundando põe-se o cronómetro em andamento;
-         Cronometra-se o tempo que decorre na passagem dos dois nós – o nó passa na mão do navegador.

V = 2 d

        T


v – velocidade em nós
d – distância percorrida em metros
T – tempo em segundos

A velocidade em nós obtém-se dividindo 36 pelo número de segundos:
18 s = 2 nós; 9 s = 4 nós; 4 s = 9 nós.


A seguir ao caminho percorrido temos de calcular o abatimento para corrigir o mesmo. para tal efeito, vamos utilizar um Abatómetro.


ABATÓMETRO

Usaremos um transferidor escolar com pelo menos 10 cm de raio, preso a uma madeira que fixamos provisoriamente no centro da popa, com a parte redonda virada para trás e o lado direito perpendicular ao barco.

No seu centro fixamos uma linha de pesca – 0,40 ou mais – com uma chumbada de 200 gramas ou mais na ponta – em função do estado do mar.

Lemos o abatimento em cima do transferidor.



A estima deve ser plasmada numa Pilot chart ou numa carta da área navegada, anotando-se a hora de todas as alterações de rumo.





JOSÉ MARIA ALVES
(PATRÃO DE ALTO MAR)

(SITE PESSOAL)

(BLOGUE PESSOAL)


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